Nas matérias anteriores,
relatamos algumas discussões sobre o resfriamento e aquecimento global, o perigo do CO² na
atmosfera, mudanças climáticas, dentre
outros. Mas um novo perigo parece assustar os ambientalistas, o Permasfort , uma nova incógnita que
acelera o aquecimento da terra.
O Ártico está se
aquecendo quase duas vezes mais rápido que o resto do mundo. Esta tendência de
aquecimento, que já está afetando os ecossistemas do Ártico e as pessoas que
dependem dele, tem sido monitorada de perto nas últimas décadas. O aquecimento
acelerado no Ártico é resultado dos efeitos acumulados do mecanismo de
“realimentação positiva” que opera ali.
Realimentação
positiva é uma reação a um estímulo inicial que amplifica o efeito deste
estímulo e uma realimentação negativa reduz os efeitos do estímulo inicial.
Para os estudos
do Ártico, alguns ciclos de realimentação ou (feed-back) são muito conhecidos e compreendidos, enquanto alguns
só foram reconhecidos recentemente. Outros estão relacionados a mudanças na
circulação dos oceanos, reduzida devido ao aumento de água doce entrando nos
oceanos pelo derretimento de gelo, terrestre e marítimo, assim como mais chuvas
e enxurradas. Mas a liberação de metano pelo degelo de solos permafrost e
de depósitos de hidrato de metano ainda é uma incógnita.
O metano tem uma
vida relativamente curta na atmosfera, de aproximadamente 10 anos, com um impacto
25 vezes maior do que o do dióxido de carbono sobre a atmosfera. Ele é um
importante causador do aquecimento global. Descobertas recentes acerca da
possível liberação de metano com o degelo do permafrost e depósitos de
hidratos sugerem que há motivos para fortes preocupações.
O Permafrost é
o solo que ficou congelado por dois ou mais anos consecutivos. Ele está por
baixo da maior parte da paisagem ártica, variando de alguns a centenas de
metros de espessura. O permafrost promove a formação e a persistência de
lagos, que chegam a cobrir de 20 a 30% de algumas regiões do Ártico. Quando o permafrost
derrete, ele cria o thermokarst: uma paisagem de solo desmoronado e
afundando como novos ou maiores lagos, terras inundadas e crateras na
superfície. Grandes extensões das regiões boreais e subárticas são
reminiscências de thermokarsts antigos.
Um modelo
combinado de áreas alagadas (pântanos) e dinâmicas climáticas também prevê que
as emissões da região irão dobrar, sendo que esses cenários não consideram as complexas
interações entre as dinâmicas dos thermokarst, queimadas e mudanças na hidrologia
das áreas alagadas e turfosas.
- A camada que foi derretida ou ativa afunda no solo que se mantém úmido, produzindo condições anaeróbicas que favorecem a decomposição de matéria orgânica e depósitos de turfa por micróbios que produz metano.
- A expansão e aquecimento dos lagos de thermokarst levam a maior decomposição de matéria orgânica antiga, devido ao seu descongelamento, na qual as torna disponível para micróbios produtores de metano.
- No derretimento que chega a atingir as camadas nas quais o metano encontra-se preso no gelo, formando depósitos de hidrato, a desestabilização dos regimes de temperatura e pressão pode liberar grande quantidade de metano tanto de áreas terrestres quanto marinhas de permafrost.
Existem claras
evidências que o número e a área dos lagos de thermokarst no norte da
Sibéria estão aumentando assim também como os hotsposts de emissões de
metano relacionados.
Metano
em terra
Esse material
chamado de hidratos
ou clathrates de
metano encontra-se
congelado. Clathrate é um termo de uso geral para um composto químico no
qual moléculas de uma substância estão fisicamente envolvidas por uma estrutura
em forma de gaiola ou enrolados formada por moléculas de outra substância. A
maioria dos hidratos que existem na Terra contém metano e estão dispersos em pequenas
concentrações sobre pressão no fundo de sedimentos por todo o mundo. Hidratos
de metano tornam-se instáveis quando a temperatura aumenta e a pressão cai e o
metano escapa para a atmosfera, onde ele funciona como um poderoso gás do
efeito estufa. Consequentemente, o metano reage com o oxigênio atmosférico e
converte-se em dióxido de carbono e água. O carbono de hidratos de metano irá,
eventualmente, acumular-se na atmosfera como dióxido de carbono, assim como
acontece com o proveniente dos combustíveis fósseis.
A maioria do
metano está sedimentada nos oceanos a centenas de metros abaixo do solo
oceânico. Os depósitos são formados quando carbono orgânico, produzido por
fitoplancton na superfície dos oceanos, afunda até o solo oceânico e é
enterrado e compactado juntamente com planctos e lodos terrestres. Sedimentos
continuam a acumularem-se por centenas ou milhares de anos. Eventualmente,
centenas de metros abaixo do solo oceânico os micróbios produzem metano dos
restos dos planctos. Se for produzido metano suficiente, parte dele pode migrar
para cima, em direção ao solo oceânico e produzir cristais maciços de gases de hidrato
congelados.
Metano originado
de depósitos de hidrato submarinos pode deixar sedimentos em três possíveis
formas que podem ser dissolvidas em bolhas e pedaços de hidrato. Metano
dissolvido é quimicamente instável nas colunas de oxigênio dos oceanos, nas
quais ele se converte em dióxido de carbono; Bolhas de metano são capazes, normalmente,
de subir apenas algumas centenas de metros em uma coluna, antes de
dissolverem-se. Pedaços de hidratos flutuam como gelo na água, assim sendo
carregando metano para a atmosfera de maneira muito mais eficiente do que as
soluções ou em bolhas.
Hidratos
em formas de gás associado a solos pemasfrost
Hidratos são
também encontrados em depósitos associados ao permafrost, no Ártico.
Contudo, como a estabilidade do hidrato depende da alta pressão relativa, eles
não devem permanecer no permafrost raso. A compactação do solo também
influencia. Às vezes, a água em uma temperatura próxima de 0ºC pode criar uma
camada de gelo no solo, capaz de aumentar a pressão sobre os poros das rochas e
do solo abaixo.
Hidratos de metano
presos em sedimentos e solos podem ficar expostos a água dos oceanos ao longo
do litoral ártico, que está derretendo. Quando o gelo derrete e o solo se
descongela, a superfície rui e mais gelo, solo e sedimentos ficam expostos a
erosão oceânica. A costa norte da Sibéria é particularmente vulnerável à erosão
e ilhas inteiras desapareceram ao longo da história. As concentrações de metano
dissolvido no mar destes recifes são 25 vezes maior do que a atmosférica, assim
como as emissões de metano oriundas do degelo do permafrost em
ambientes de águas rasas e atividade biológica.
As
realimentações que aumentam o
aquecimento
- Aquecimento leva a maior evaporação e, logo, mais vapor d'água;
- Aquecimento derrete gelo e neve, reduzindo a refletividade do solo, logo, aumentando a absorção do calor solar;
- Maiores arbustos e maior fuligem, oriunda de mais fogo e mais queima de combustíveis fósseis, escurecem a neve e o gelo, colaborando na diminuição da refletividade;
- Aquecimento leva ao degelo do permafrost, decomposição acelerada de matéria orgânica do solo, incêndios mais frequentes, perturbações de insetos e elevação na erosão costeira, seguida de decomposição do material erodido. Tudo isso leva a maior liberação de gases do efeito estufa, como metano (CH4) e dióxido de carbono (CO2).
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